Um pouco menos de 4 anos atrás, a Gunfire Games estava lançando Remnant: From the Ashes, um jogo inspirado na franquia Souls que apostava na jogabilidade focada em tiro pra se diferenciar dos demais títulos do gênero. Graças a qualidade tremenda, tanto do gameplay, quanto da lore, o game caiu no gosto da galera e agora, quase 4 anos depois, temos a sequência Remnant 2.
Será que o novo jogo faz jus ao primeiro? É isso que você vai descobrir nesse review.
Uma aventura pros veteranos
Apesar de existir a possibilidade de ter “passado” o 1 pra jogar essa sequência, a recomendação é de que você tenha um entendimento da história do antecessor para aproveitar a narrativa de Remnant 2. Existe uma explicação bem básica no começo, concedida inclusive por um personagem do 1, contudo, ela não é o suficiente pra garantir a imersão dos novatos.
Assim como no 1, temos a presença de diferentes mundos, cada um com uma lore bem densa e um objetivo principal a ser cumprido. A história da Garça e do Devorador vai ficar comigo pra sempre, assim como a queda de Kauela! A beleza de Remnant 2 é que a campanha pode variar bastante de jogador pra jogador. Pois é, seu amigo pode visitar um local e encontrar chefes completamente diferentes, itens em outros lugares e por aí vai. A experiência é proposital pra que cada jogador viva algo único na medida do possível. Vale destacar que, apesar do recurso, a história principal é padrão para todos.
Com diálogos fantásticos, personagens marcantes e um senso de urgência fabuloso proporcionado pela trilha sonora magistral e a direção de arte engenhosa, toda a parte narrativa está muito mais robusta do que no antecessor, certamente fruto do investimento mais encorpado. Uma coisa que faz bastante falta é a existência de um compêndio/glossário. Ao longo da jornada de 18-20 horas, encontraremos diversas entidades e termos que mereciam uma explicação maior.
Para aumentar a imersão, todo o trabalho com as vozes dos personagens foi maravilhoso. Essa medida proporciona uma dose perfeita de identidade pros “ajudantes” que encontramos no caminho!
Além da campanha principal, temos um outro modo de jogo chamado de Aventura. Essa modalidade permite que os players visitem algum planeta na esperança de estar diferente do que ele sorteou na primeira vez, enfrentando novos chefes. Também é um excelente mecanismo pra se coletar melhorias e farmar dinheiro. As missões secundárias também se fazem presentes, porém, não existe nenhum indicador ou marcador para elas, demandando que o jogador explore bem os mapas e quebre a cabeça com enigmas altamente complexos. Faz tempo que não vejo puzzles tão bem trabalhados e que desafiam o jogador ao máximo.
Viajante e Furioso
É em sua jogabilidade que Remnant 2 se torna bastante denso e recheado de opções. De início, me preocupei com a existência de tantos sistemas. Nunca fui o cara que gasta centenas de horas pra construir a build perfeita. Se essa também é uma preocupação pra você, saiba que o título abraça tanto jogadores “casuais” e os hardcore.
Os arquétipos
Não existem classes em Remnant 2, aqui elas são chamadas de arquétipos. Podemos desbloquear arquétipos adquirindo o engrama deles (maioria pode ser comprado) e após isso basta ir até o NPC Wallace para fabricar o item e tornar o arquétipo disponível. Toda “classe” possui uma Característica Inicial. Essas Características nada mais são do que bônus específicos como aumento de Vida, Vigor, alcance de dano.. Apresentadas como cartas, podemos pegar dezenas de características. Elas são obtidas ao derrotar chefes e ao completar missões.
Após conseguir uma Característica, precisamos coletar pontos para melhorar o atributo da mesma. Esses tomos podem ser obtidos no mapa e quase sempre estão em locais óbvios e ao derrotar chefes. Agora que as coisas começam a complicar um pouco. Cada arquétipo pode ser melhorado até o Nível 10 e em Remnant 2 é possível equipar duas classes diferentes. Mudar o arquétipo de nível é importante, além de ganhar um nível na característica da classe, desbloqueamos ao todo 3 perícias (habilidades especiais) que ajudam e muito no combate. O uso dessas perícias no controle não é tão intuitivo quanto deveria ser. Precisamos segurar o L1 e apertar ou segurar o R1 pra lançar a habilidade.
Os arquétipos iniciais:
⁃ Médico
⁃ Caçador
⁃ Pistoleiro
⁃ Desafiante
⁃ Domador
⁃ Explorador
Vale mencionar que é possível dar respec nas Características, portanto, não fique com receio de experimentar novas builds. Por falar em builds, o sistema de equipar duas classes diferentes enriquece demais a jogabilidade, permitindo que o jogador monte combos como Pistoleiro + Médico.
Itemização pode causar estranheza
Apesar de parecer bastante, Remnant 2 não é um looter shooter. Os inimigos comuns não vão dropar armas ou armaduras. Elas podem ser obtidas ao concluir missões secundárias, resolver enigmas ou ao obter materiais únicos derrotando chefes. Apesar dessa decisão diminuir a carga em dopamina e causar estranheza em primeiro momento, ela é perfeita pra aprimorar a capacidade de construção de builds.
Como cada arma é única, quase todos os armamentos são viáveis no jogo, dando um belo senso de liberdade a quem joga. Os objetos são divididos entre armas longas, curtas e corpo a corpo. Como se já não bastasse a itemização peculiar, temos outros dois sistemas que influenciam e muito o nosso armamento. São eles os modificadores e os mutadores. Os nomes são bem autoexplicativos.
No caso dos modificadores, eles geram um disparo alternativo na arma, tornando a jogabilidade ainda mais singular. As opções são diversas, indo desde a convocar um redemoinho de fogo até invocar baratas explosivas. Vale destacar que as armas de chefes apresentam modificadores fixos e que costumam representar uma habilidades usada pelo boss na luta. Em seguida temos os mutadores. Acoplamento que colocamos nas armas, concedendo buffs passivos gigantescos. Ao evoluir um Mutador até o máximo, +10, um super efeito é liberado, concedendo uma vantagem enorme nas lutas.
Amuletos, anéis e relíquias
Remnant 2 vai longe para oferecer opções de builds para os jogadores. Além dos arquétipos, armas, características, modificadores e mutadores, temos outros três objetos equipáveis. Os amuletos são itens que concedem bônus passivos interessantes como aumentar a quantidade de sucata obtida em 50%. Os anéis, agora com 4 slots, também oferecem bônus passivos como causar mais 25% de dano ao ser atacado.
Por fim e não menos importante, temos as relíquias. Indo numa direção oposta ao que a série Souls implementou, as Relíquias são consumíveis fixos com efeitos distintos. Uma delas cura o HP como se fosse uma poção de cura normal, outra ativa roubo de vida por 30 segundos. Olhando pra cada categoria individual, tudo parece ser simples, porém, ao combinar as opções, podemos perceber o quanto Remnant 2 é engenhoso.
No caso das relíquias, como o uso delas demora bastante, muitas vezes temos que decidir entre esquivar ou usar a poção, demandando que o jogador escolha bem sua estratégia, caso contrário, a morte será certa! Outro ponto interessante é que o jogo não faz muita questão de segurar na mão do player. Eu só descobri que era possível aumentar a quantidade de cargas das relíquias após quase 12 horas de jogo. Outro ponto importante é que as relíquias possuem espaços para fragmentos. Esses fragmentos concedem bônus passivos que servem como mais um pilar na construção de builds.
Meticulosamente construído
Cada trecho de Remnant 2 exala o enorme carinho dos devs e, claro, a preocupação dos mesmos em ouvir os fãs. A direção de arte segue a mesma linha do primeiro, porém, graças a experiência adquirida e o incremento no orçamento, temos uma variedade bem maior de cenários, melhor uso da palheta de cores e construtos gigantescos que reforçam a ideia de que somos pequenos exploradores em mundos inéditos.
Outra categoria que foi muito elevada é a trilha sonora. Diversas faixas de chefes beiram o inesquecível e superam facilmente AAAs com orçamento muito maior. Outro ponto é na qualidade de animações. Pular entre obstáculos, recarregar, abrir portas e baús, cada pixel exala cuidado e a qualidade está bem acima do que estamos acostumados em ver até em AAAs. O level design continua apostando no mapa dividido entre interseções e com um foco grande na semi-linearidade, o que incentiva bastante a exploração. O fantástico é que cada local exala identidade, como a Paróquia Marrow que parece ter saído diretamente de uma história do Conde Drácula.
Falando em locais, cada mundo possui dungeons distintas com mecanismos únicos. Que tal manipular portas através de um tabuleiro de damas comandado por um ser estranho? Ou correr contra o tempo em uma sala que está sendo inundada por água e contém 4 itens épicos? O time fez um trabalho incrível em construir calabouços que não ficam tediosos e demandam que o jogador raciocine de fato, algo raro nos dias atuais!
Outro ponto é o desempenho impecável no PlayStation 5. Não tive nenhum bug, crash ou queda de FPS jogando no modo Equilibrado (que trava os frames em 60 FPS). Os outros dois modos disponíveis são Qualidade, priorizando a resolução e o Desempenho, que destrava o limite de FPS. Eu recomendo jogar no Equilibrado, o jogo consegue entregar visuais belíssimos, uma boa resolução e sem apresentar nenhuma queda de frames!
Review de Remnant 2: Obrigatório!
Remnant 2 é um acontecimento raríssimo na indústria dos jogos. Feito sob o feedback dos fãs, o game eleva quase que ao máximo tudo que deu certo no primeiro, fazendo com que essa sequência se torne obrigatória pra qualquer pessoa que saiu satisfeita com o antecessor. Caso você nunca tenha tido contato com a franquia, o game continua altamente recomendável por conta de sua quase perfeição. A lore é riquíssima em detalhes, muitas lutas contra chefes rivalizam com a FromSoftware em seu ápice, a trilha sonora beira o inesquecível.. Cada elemento do jogo foi projetado com muito carinho e cuidado por parte da equipe, respeitando ao máximo seus consumidores. Em uma indústria cada vez mais predatória, iniciativas como Remnant 2 não podem passar batida. Jogue e se delicie com um dos melhores jogos do gênero. Gunfire Games, mal posso esperar pela próxima aventura!
Quase sem defeitos, Remnant 2 é a magnum opus da Gunfire Games. A lore do jogo é riquíssima, o gunplay é perfeito, as possibilidades de builds são vastas.. A sequência elevou tudo que o primeiro tinha de bom ao máximo!
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Narrativa e Lore
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Gameplay
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Conteúdo Secundário
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Direção de Arte
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Som (Trilha Sonora e Efeitos)
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Desempenho
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