Desde o primeiro instante, este título me conquistou. Esta review de Ruffy and the Riverside revela uma aventura que honra os clássicos dos anos 90 e início dos 2000, mas com um toque de originalidade surpreendente.
A desenvolvedora Zockrates Labs criou uma carta de amor aos jogos de plataforma, combinando o melhor de Banjo-Kazooie, Donkey Kong 64, Spyro the Dragon e, claramente, referências a Crash Bandicoot. Além disso, há até uma discreta piscadela para Exterminador do Futuro 2 — e, acredite, quando você jogar, vai perceber.

Uma jornada encantadora e cheia de surpresas
A história de Ruffy and the Riverside, embora não seja o foco principal, oferece uma aventura cativante. Juntei-me a Ruffy em uma missão emocionante para impedir que o vilão travesso Groll destruísse o Miolo do Mundo e mergulhasse Riverside no caos.

Durante a jornada, visitei lugares fantásticos e conheci aliados memoráveis como Pip, a abelha atrevida; Sr. Eddler, a toupeira aventureira; e Silja, a sábia tartaruga. Cada personagem contribui com suas histórias e diálogos próprios, trazendo leveza e surpresas a cada curva da aventura.
Um universo vibrante e cheio de personalidade

Assim que mergulhei no colorido mundo de Ruffy, percebi a dedicação minuciosa dos desenvolvedores. O visual desenhado à mão, com traços limpos e cores vibrantes, transforma cada cenário em uma verdadeira pintura interativa. A mistura de elementos 2D e 3D, que lembra a estética de Paper Mario, cria um charme nostálgico e, ao mesmo tempo, inovador.

Além disso, o elenco de personagens peculiares dá vida ao universo do jogo. Cada um, com seu design distinto e papel bem definido, contribui para um ambiente pulsante de carisma. Alguns oferecem ajuda; outros, desafios. Porém, todos têm um propósito claro na narrativa.

Jogabilidade criativa que foge do convencional

Embora as raízes de Ruffy and the Riverside estejam fincadas no gênero de plataforma, é na jogabilidade inovadora que o jogo realmente brilha. A mecânica central permite ao jogador absorver e reutilizar elementos do ambiente.
Por exemplo:
- Absorver a elasticidade de videiras para criar novas plataformas;
- Redirecionar fluxos de água para desbloquear passagens ocultas;
- Transformar metal em madeira para atravessar locais;
- Converter água em larva para eliminar ameaças
- Utilizar propriedades do fogo para alterar obstáculos.
Essa dinâmica quase transforma o jogador em um designer de níveis em tempo real. Portanto, cada fase se torna um playground de possibilidades, desafiando constantemente a criatividade e o raciocínio.

Entretanto, se o jogador espera um sistema robusto de combate, é importante alinhar as expectativas. Embora existam inimigos espalhados pelos mapas e até lutas contra chefes, o combate não é o foco de Ruffy and the Riverside. Inclusive, a batalha final, apesar de ocorrer em um cenário visualmente deslumbrante e diferente dos demais, apresenta uma simplicidade que reflete bem essa proposta.

Além disso, o jogo também apresenta elementos que remetem à liberdade de exploração e criatividade encontrados em The Legend of Zelda: Breath of the Wild, especialmente na forma como permite interações inesperadas com o cenário e soluções criativas para os desafios.
Trilha sonora memorável
Entretanto, não seria justo continuar esta review de Ruffy and the Riverside sem mencionar sua trilha sonora. As composições são envolventes, com uma vibe funky e psicodélica que casa perfeitamente com a estética excêntrica do jogo. A influência de mestres como David Wise e Grant Kirkhope é perceptível nas melodias cativantes, que permanecem na mente mesmo após desligar o console.

Cada faixa musical reforça a atmosfera lúdica, ora acelerando o ritmo durante momentos de ação, ora criando um pano de fundo relaxante para exploração. Assim, a música atua como mais uma camada de imersão na experiência.
Design de níveis inteligente e variado

O design das fases também merece destaque. Longe de serem meras sequências de obstáculos, os níveis são construídos com inteligência e variedade:
- Ambientes que se transformam conforme as interações do jogador;
- Quebra-cabeças que exigem experimentação constante;
- Segredos escondidos que recompensam a exploração atenta.
Cada área possui uma identidade própria, o que mantém a jornada sempre interessante. Além disso, o jogo sabe dosar com precisão seu ritmo.

Não tenta se estender desnecessariamente, tampouco se encerra abruptamente. Ele respeita o tempo do jogador, entregando uma experiência completa e satisfatória.
Aspectos que poderiam ser melhorados

Entretanto, mesmo com tantos acertos, Ruffy and the Riverside não é isento de falhas. No PlayStation 5, por exemplo, o desempenho apresentou quedas de FPS em determinados momentos, especialmente durante as transições entre mundos. Embora não comprometa a experiência por completo, é algo perceptível que poderia ser otimizado.
Além disso, alguns puzzles acabam ultrapassando o nível de complexidade esperado para um jogo deste estilo. Vários deles carecem de dicas visuais ou qualquer pista, o que pode frustrar jogadores mais casuais ou um público infantil. Uma opção de acessibilidade, oferecendo sugestões ou níveis de dificuldade adaptáveis para os quebra-cabeças, seria muito bem-vinda.

Outro ponto que poderia ser ajustado diz respeito às reações vocais excessivas do protagonista durante o gameplay. A frequência dos sons de comemoração e interjeições acaba se tornando cansativa ao longo de várias horas de jogo. Felizmente, o título oferece a possibilidade de ajustar o volume dessas vozes, o que ameniza o problema.
Uma confiança rara atualmente
Nesta review de Ruffy and the Riverside destaco a visão criativa por trás do projeto. Muitos jogos modernos parecem indecisos, tentando agradar todos os públicos. Aqui, porém, a proposta é direta: um jogo de plataforma que celebra sua identidade sem hesitação.
Essa confiança transparece em cada aspecto — do visual à jogabilidade, da música ao design dos níveis. É evidente que a equipe da Zockrates Labs sabia exatamente o que queria entregar, e o resultado é uma experiência coesa e apaixonada.
Conclusão
Portanto, Ruffy and the Riverside não é apenas uma homenagem aos grandes jogos de plataforma do passado. Ele pega essa base nostálgica e a impulsiona com ideias criativas e execução refinada. A jogabilidade inovadora, aliada à direção de arte carismática e à trilha sonora marcante, tornam esta aventura uma das mais agradáveis e surpreendentes dos últimos anos.
Levei entre 13 a 15 horas para completar a história principal e algumas missões secundárias. No entanto, para quem deseja buscar o 100%, o tempo total pode facilmente se estender até 20 horas.
Se você, assim como eu, sente falta de jogos de plataforma, que convidam à exploração e à experimentação criativa, Ruffy and the Riverside merece um lugar na sua coleção. Poucos títulos atuais oferecem tamanha combinação de diversão, inteligência e personalidade.
Criativo e cativante
Ruffy and the Riverside é um verdadeiro presente para os fãs de plataforma clássicos. Com um mundo vibrante, mecânicas criativas de manipulação de cenário, trilha sonora memorável e um elenco carismático, o jogo entrega diversão pura e muita nostalgia. Embora peque em alguns puzzles excessivamente complexos e pequenas quedas de desempenho, a paixão da equipe transborda em cada detalhe. Se você busca uma experiência leve, criativa e cheia de personalidade, não pode deixar Ruffy passar batido.
Se cuida, Super Mario!
- Mundo vibrante com arte desenhada à mão
- Mecânicas criativas de copiar e colar o ambiente
- Trilha sonora cativante e estilosa
- Personagens carismáticos e cheios de personalidade
- Design de fases inteligente e variado
- Referências nostálgicas bem integradas
Perigo de desistência do jogador casual
- Quedas de FPS em algumas transições de mundo
- Puzzles podem ser complexos demais e sem dicas
- Falta de acessibilidade para jogadores casuais
- Vozes do protagonista se tornam repetitivas e cansativas
- História
- Jogabilidade
- Gráficos
- Desempenho
- Trilha Sonora/Som