Especialmente nos anos 1990, jogos point and click fizeram bastante sucesso. Com propostas mais narrativas, gameplay simples e estética visual caprichada, eles não apenas estimulavam o pensamento lógico e a observação, quanto atraíam por apostarem em algo mais cinematográfico e curto.
Um deles, particularmente, esteve nesse seleto rol de jogos de apontar e clicar: Simon the Sorcerer. Lançado em 1993 para MS-DOS and Amiga, ele se tornou uma das referências do gênero, mas com algumas coisas interessantes: quebra da quarta parede, humor leve e desafios que nem todos poderiam resolver.
Anos depois, a franquia está de volta com Simon the Sorcerer Origins. Um dos destaques deste fim de ano, o título já está disponível para consoles e PC e chega com novidades, incluindo gráficos e animações aprimoradas, mecânicas modernizadas e opções de acessibilidade para novatos e veteranos; tudo isso em uma história de origem.
Adeus, mundo real
Recém-mudado, Simon é um adolescente de muita personalidade. Curioso, desde sempre nosso herói teve esse lado investigativo, como se todos os objetos, portas e eventos fossem dignos de um filme de suspense.
Sua vida muda quando, do nada, a porta que daria no quarto dos seus pais abre um portal para um novo mundo. Lá, ele descobre que um feiticeiro maligno tem planos para acabar com o Mundo Mágico, até que uma profecia promete mudar tudo.

Transformado em um bruxo, Simon ganha poderes e é enviado em uma missão para descobrir o paradeiro do Primeiro Mago. Será que ele existe? Será que a solução para derrotar o mal são esses feitiços antigos? A resposta parece estar em um universo muito distante.
Simon the Sorcerer Origins é um jogo de aventura baseado em point and click. Com uma campanha de até 4h, ele traz mecânicas padrões do gênero, onde é necessário interagir com todo tipo de objeto, resolver quebra-cabeças, reunir pistas por meio de diálogos e descobrir como os mapas se comunicam.

Enquanto jogos mais tradicionais do gênero possuem fluxo mais direto, Simon traz algumas mecânicas que o tornam mais complexo e desafiador. Isso porque ele permite combinar feitiços e itens, muitas vezes sem dar qualquer indício sobre o que precise ser feito.
Esse recurso pode afastar o público mais casual, mas funciona muito bem no universo de Simon the Sorcerer Origins. O roleplay faz o jogador apostar na curiosidade e na inteligência do protagonista, que sempre reage a combinações erradas ou certas com diálogos cômicos, animações únicas e quebra de quarta parede.
Humor na medida
Respeitando a história da franquia, Simon the Sorcerer Origins aposta no humor “idiota”. Não entenda mal: o jogo se aproxima consideravelmente de um tradicional besteirol, com frases de efeito, animações caricatas, eventos absurdos e muito, mas muito carisma.
Esse conceito torna o game bastante agradável. Os mapas reduzidos, mas interconectados, a grande quantidade de objetos, alguns puzzles ambientais… Tudo isso se torna passível de tolerância devido à proposta super leve.

Simon também tem uma ótima personalidade. Ele sempre parece impaciente, apressado, interesseiro e pouco amigável; traços comuns nos adolescentes da atual geração. Dessa forma, é fácil se identificar com o personagem logo no começo da campanha de Simon the Sorcerer Origins. Ótimas escolhas para um título narrativo.
O vilão do jogo, bem como alguns personagens, se aproximam bastante dos ideais impostos pela Disney/Pixar, por exemplo. Não há maldade pura, digamos assim, apenas pessoas com opiniões diferentes e visões distintas que podem ou não prejudicar indivíduos ou a própria coletividade. Mas calma: não relativizo os vilões. Eles tem que se dar mal mesmo (e torcemos por isso).
Feitiços, estratégias e um verdadeiro mundo mágico
Uma das coisas mais legais em Simon the Sorcerer Origins é o sistema de feitiços. Eles aparecem progressivamente durante a campanha e podem ser usados tanto de forma isolada para resolver puzzles (fogo acende luzes, por exemplo) quanto para mudar propriedades de objetos.
Isso quer dizer, por exemplo, que uma garrafa d’água seja inútil. Mas se você experimentar congelá-la, o efeito será diferente? Outro ponto diz respeito aos chapéus mágicos, que são invocados por meio de feitiçaria mais complexa (combo de elementos). Usar um chapéu específico muda toda a propriedade de seu inventário.

Esses sistemas mágicos são muito bem representados em Simon the Sorcerer Origins. Graficamente, o game é muito bonito, seja pela estética visual feita à mão ou pelos belíssimos efeitos de partículas. Além disso, o jogo conta com reflexos, sombras e iluminação avançados para um título do gênero.
Outras novidades no jogo incluem suporte aos recursos do DualSense, tempo de carregamento rápido (mais nítido durante viagens rápidas), localização para menus e textos em português do Brasil, opção de controles clássicos ou modernos (com movimento em tempo real) e muito mais.
Simon the Sorcerer Origins é uma agradável experiência casual
Mais de três décadas após seu lançamento, Simon retorna em grandíssimo estilo. Simon the Sorcerer Origin é divertido, engraçado, simples e muito agradável em seu conceito, sendo uma aposta certa para fãs de point and click.
O game traz uma campanha curta, mas que pode se estender dependendo de sua compreensão. Além disso, há opções de acessibilidade que trazem referências clássicas para quem curte os originais; tudo com gráficos muito bonitos e tecnicamente caprichados.
Simon the Sorcerer Origins não tem uma história lá essas coisas e chega a ser bastante infantil em sua abordagem narrativa, mas a ideia cinematográfica funciona muito bem. Jogadores de todas as idades podem convidar amigos para pensarem juntos, descobrir como resolver os puzzles e investir em uma aventura verdadeiramente mágica.
Muito agradável e visualmente bonito, Simon the Sorcerer Origins eleva patamar dos point and click com novas mecânicas e opções de acessibilidade
- Narrativa
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som
- Diversão