Upin & Ipin: Universe tenta algo ousado: transformar a popular série animada da Malásia em um jogo de aventura em mundo aberto. A ideia, em teoria, soa promissora. Afinal, criar um espaço interativo para crianças explorarem uma vila do Sudeste Asiático, com sua cultura vibrante e valores locais, poderia render uma experiência única. A desenvolvedora Streamline Studios, no entanto, tropeça ao tentar erguer esse castelo de areia digital.
O resultado é um jogo que, embora carregue boas intenções, perde força logo nos primeiros minutos. A promessa de diversão dá lugar a um campo vazio, repleto de bugs, câmeras confusas e atividades que soam mais como tarefas de casa do que aventuras no estilo O Fantástico Mundo de Bobby.
Para escrever esta review de Upin & Ipin Universe, assisti a alguns episódios da animação no YouTube, buscando entender melhor sua essência e a razão de o jogo existir. Vale destacar que o título não oferece localização para o português do Brasil, o que pode afastar parte do público, especialmente crianças.
Um Mundo Colorido, Mas Sem Alma
De imediato, o que chama atenção é o visual. Sim, o jogo é fiel ao estilo da animação: cores fortes, proporções exageradas e cenários que imitam bem a vila Durian Runtuh. À primeira vista, parece até um episódio interativo da série. No entanto, essa primeira impressão se desfaz rápido.

Enquanto persegue o galo Rembo no início da jornada, o jogador percebe que a câmera tem vida própria, os movimentos são duros e a física parece improvisada. Os personagens se arrastam como marionetes mal programadas. NPCs não interagem, objetos parecem jogados ao acaso e nada transmite aquela sensação de mundo vivo que se espera de um sandbox.
Paraíso das Crianças… Até um Certo Ponto
Ainda assim, é possível notar a intenção do estúdio em criar um espaço seguro para os mais novos. Plantar sementes, pedalar em bicicletas ou brincar com bolas sem medo de consequências pode ser, sim, divertido para quem nunca teve contato com jogos complexos. Há uma certa inocência em poder explorar sem perigos, quase como folhear um livro de colorir interativo.

Portanto, para jogadores bem jovens, Upin & Ipin: Universe funciona como um primeiro passo no mundo dos videogames. É o “Meu Primeiro Jogo de Mundo Aberto”, só que embalado por tradições culturais locais e por um estilo visual encantador.
No entanto, mesmo crianças notam quando algo não flui bem. A câmera, por exemplo, parece guiada por alguém que nunca usou uma câmera: em vez de acompanhar o personagem que você controla, decide seguir o irmão, gerando confusão e até enjoo de movimento. Some a isso quedas de desempenho em um jogo simples, e a magia se quebra.

Estrutura e Jogabilidade
O maior problema, porém, está no coração da jogabilidade. O mundo aberto de Upin & Ipin: Universe se mostra raso. Não há objetivos claros, o enredo é mínimo e os minijogos não conseguem sustentar o interesse por muito tempo. O que deveria ser uma vila cheia de vida se resume a um parque sem alma, onde a repetição toma conta em poucas horas.

A narrativa tenta se apoiar em momentos nos quais os irmãos se vestem como heróis lendários malaios, mas falta impacto. É como uma peça escolar com cenários bonitos, mas sem roteiro cativante. Depois de duas ou três horas, a sensação é de ter vivido uma curiosidade cultural, não uma aventura de verdade.
Comparações Inevitáveis
Alguns críticos defendem que jogos voltados ao público infantil não precisam de grande profundidade. Isso até é verdade, mas não serve de desculpa para a falta de cuidado. Basta olhar para exemplos como Super Mario Bros. 3, Bob Esponja: Batalha pela Fenda do Biquíni ou até Bluey: O Videogame. Todos eles são direcionados a crianças, mas foram construídos com carinho, oferecendo diversão genuína para qualquer idade.

Já Upin & Ipin: Universe parece inacabado, como um protótipo que escapou cedo demais da sala de testes. E o valor do título não ajuda muito! Atualmente ele custa R$ 229,90 na PS Store. Um valor absurdo para que o título entrega.
Uma Oportunidade Perdida
O mais frustrante é perceber o potencial desperdiçado. Um jogo 2D, com estética indie, talvez tivesse transmitido melhor o charme da série, sem exigir da desenvolvedora um desafio técnico para o qual ela claramente não estava preparada. O que recebemos é um sandbox que, em vez de convidar para a exploração, afasta pela monotonia.

Mesmo quem deseja apoiar a produção local da Malásia pode se sentir enganado. Afinal, apoiar um estúdio não significa aceitar mediocridade. Crianças com bom gosto, acostumadas a jogos mais polidos, rapidamente perceberão que há algo errado nessa vila digital.
Considerações finais nesta review de Upin & Ipin: Universe
Portanto, a conclusão é clara: Upin & Ipin: Universe é uma experiência que até entretém por uma ou duas horas, mas falha em manter o interesse. É colorido, simpático e pode servir como introdução aos videogames para os mais pequenos, mas peca na execução em praticamente todos os aspectos.
O jogo se apresenta como um paraíso inocente, mas logo revela seu lado vazio e instável. A câmera atrapalha, a performance decepciona e os objetivos são frágeis. Ao final, a sensação é de caminhar por uma vila sem vida, onde a diversão prometida nunca aparece de verdade.
Assim, essa review de Upin & Ipin: Universe mostra um título que funciona mais como curiosidade cultural do que como jogo sólido. Uma oportunidade perdida que deixa a série animada com mais brilho nos seus episódios do que nos consoles.
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Apesar de visual colorido e fidelidade, Upin & Ipin Universe não consegue segurar o interesse por muito tempo
Upin & Ipin Universe acerta no visual e na fidelidade à animação, mas peca pela jogabilidade repetitiva, simplicidade excessiva e falta de conteúdo que mantenha o interesse.
Diverte, mas só nas primeiras horas e olhe lá!
- Visual colorido: Cenários e personagens agradáveis aos olhos.
- Fidelidade à animação: Captura o estilo e o humor dos episódios
- Trilha sonora alegre: Música e efeitos sonoros condizem com a série
É melhor brincar na rua, na vida real
- Sem localização em português: Pode dificultar a experiência para crianças brasileiras
- Conteúdo repetitivo: Missões e atividades se tornam monótonas rapidamente
- Problemas de desempenho: Alguns travamentos e lentidão em certas telas
- Mapa nada intuitivo
- Cansativo e monótono ao extremo
- Gráficos
- Desempenho
- Jogabilidade
- Trilha sonora
- Diversão
- História