Convenhamos que as expectativas para a aguardada sequência de Vampire The Masquerade: Bloodlines não eram altas. Depois do título reinventar seu tradicional estilo de RPG de mesa para um videogame funcional, ele estabeleceu padrões altíssimos, especialmente entre a comunidade.
Desde então, os anos seguintes foram marcados por muitos problemas. Bloodlines 2 parecia sempre estar nas mãos erradas, até que a The Chinese Room decidiu assumir o projeto e tentar entregar algo de alto padrão. Veja bem: “tentar”.
O resultado é um completo fiasco. O novo game passa uma péssima impressão por meio de uma série de escolhas duvidosas, misturando conceitos que, na prática, não funcionam bem juntos. E isso é apenas a superfície; o buraco é muito mais embaixo.
Depois de 400 anos…
400 anos depois, um vampiro antigo conhecido como Nômade acorda de seu sono. Chamado de Phyre pelos mais próximos, ele desperta em uma Seattle moderna, mas aparentemente com algumas pendências que se perpetuaram por séculos.
Mas algo de incomum está em sua mente: a voz de um Malkaviano conhecido como Fabien. E como se isso não bastasse, uma misteriosa marca em sua mão não apenas o controla, mas suga seus poderes em momentos bastante inconvenientes.

Agora, Phyre precisa se envolver em um conflito entre a Camarilla e os Anarquistas não apenas para estabelecer seu status social do passado, como também para descobrir tudo que lhe aconteceu. Quem criou aquela marca e por que Fabien está em sua cabeça? Essas perguntas exigem respostas.
Vampire The Masquerade: Bloodlines 2 é um jogo de RPG, ação e terror com foco narrativo. O título chega mais de 20 anos após o lançamento do original, mas traz grandes mudanças em seu conceito; a maioria desagradando consideravelmente os fãs de longa data.

O título contém uma campanha principal de 15 a 20h de duração, mas esse tempo se estende até 40h caso os jogadores queiram os 100%. Isso porque o título também inclui missões secundárias envolvendo os clãs, alguns coletáveis e um sistema de progressão baseado em destravar habilidades.
Isso quer dizer que o primeiro elemento de RPG já é descartado: atributos. Não há como escalar em aspectos físicos, e basicamente tudo se resume a avançar na Camarilla e obter novos poderes. E apesar deles serem extremamente legais, se tornam insignificantes devido à limitação do jogo.
Combate satisfatório, mas insuficiente
Não há como negar que a melhor coisa em Vampire The Masquerade: Bloodlines 2 é a árvore de habilidades. Como não existem atributos, tudo se baseia em poderes vampíricos que são um melhor que o outro.
A possibilidade de customizar a build de Phyre é incrível. Ele se adapta a poderes ofensivos e defensivos, podendo possuir adversários, se teletransportar, ficar invisível, parar o tempo, invadir as sombras (à la Shikamaru) e muito mais.

Enquanto isso, suas vantagens ofensivas também se destacam pela alta brutalidade. Seus golpes cortam, mutilam, explodem, atacam em alta velocidade e executam uma série de ações muito bem recriadas, tornando os combates mais dinâmicos e estratégicos devido aos medidores de poder.
Recuperar HP também é interessante. Atacar inimigos em Vampire The Masquerade: Bloodlines 2 deixa os adversários atormentados. Com isso, você pode ativar animações de finalização acabando com eles de uma vez ou sugando seu sangue (e ganhando vida ao mesmo tempo).

Além disso, Phyre também possui um dom de telecinese. Ele atrai armas de fogo e outros objetos para atirar em soldados, humanos e outros vampiros, bem como distraí-los e criar pontos de vantagem nas arenas.
Caso você não tenha medidor o suficiente para usar habilidades, Vampire The Masquerade: Bloodlines 2 também possui um sistema de furtividade eficiente. Ele é excelente e preciso, permitindo que mesmo os jogadores que não curtam isso o aproveitem em situações mais desafiadoras.

Infelizmente acaba aí. Os inimigos não são inteligentes, os golpes corpo a corpo são mal coreografados e imprecisos, a câmera tremula muito a cada ataque e o hitbox é péssimo, tornando nula qualquer sensação de impacto.
Complexidade sem qualquer justificativa
Quanto á história de Vampire The Masquerade: Bloodlines 2, temos mais um problema. No início, a narrativa parece seguir um fluxo lógico, mas não demora para ela perder muito em ritmo e se tornar confusa e essencialmente prolixa.
O jogo explora linhas do tempo de forma muito desconectada. Além disso, a ideia de você controlar dois personagens (Phyre e Fabien) deixa diversos rumos sem nexo e com furos, fazendo os jogadores esquecer rapidamente o roteiro e simplesmente avançarem no automático.

Aqui, também temos outra comparação: Bloodlines 2 perde feio em comparação com o primeiro quando se trata do impacto de escolhas. A mecânica de laços com NPCs é péssima e muito mal explicada, enquanto as escolhas de diálogos são praticamente para desenrolar lore.
Fora que a dublagem do jogo é horrível. Todas as vozes são extremamente caricatas e forçadas, com Fabien se destacando negativamente como um personagem muito pouco carismático. Ele força piadas o tempo todo, tirando o aspecto dramático da narrativa e se tornando apenas um vampiro chato.

Isso também se estende para outros NPCs. Vampire The Masquerade: Bloodlines 2 sequer tangencia uma originalidade e aposta no exagero nesse sentido. E como se já não bastasse, várias conversas não foram concluídas pelos desenvolvedores: há falta de sincronia labial e, até mesmo, bocas que não se abrem.
Desempenho pífio em um jogo muito cansativo
Tecnicamente, Vampire The Masquerade: Bloodlines 2 não está bom. O jogo tem quedas de FPS consistentes que se tornam mais nítidas durante a transição de áreas externas para internas. Literalmente o jogo trava quando você abre ou fechas portas “principais”.
Além disso, quando você corre pelo pequeno mundo aberto, dá para ver algumas falhas na tela como se o mapa estivesse sendo carregado. Ela ocorre a cada 2s ou 3s e destaca um péssimo trabalho de otimização, mesmo diante de um escopo reduzido.

Mas nem tudo é ruim. Ao menos a The Chinese Room caprichou nos efeitos e nas texturas. As regiões fechadas estão riquíssimas em detalhes e possuem diversas entradas e saídas que podem ser bem exploradas nos combates. Iluminação, sombras e partículas são realmente caprichadas.
Já o mundo aberto é bem sem graça. Há NPCs que se repetem direto e eles podem interagir com você para fornecer pontos adicionais se forem atacados por Phyre. Mas tenha cuidado: cometer crimes visíveis faz a Máscara quebrar e a polícia te perseguir; ao menos ela é burra e esquece rápido. Muito rápido.

Essas questões ficam ainda mais problemáticas quando falamos no design de missões de Vampire The Masquerade: Bloodlines 2. Ele é simplesmente horroroso. Fazer as missões secundárias é uma tortura, pois elas podem ser concluídas em poucos segundos e exigem que você ande, plane ou corra por centenas de metros.
O jogo é basicamente correr para lá e para cá por mais de 30h em casos de complecionistas. Porém, bastam apenas umas 5h para ele se mostrar muito cansativo e enjoento, em especial pela pobreza do mundo aberto, pela repetição absurda e pela sensação de tédio que a cidade de Seattle transmite.
Vampire The Masquerade: Bloodlines 2 é o típico jogo sem graça
Bloodlines 2 é facilmente o jogo mais chato de 2025. Além de ter um péssimo fluxo de jogabilidade, o título é marcado por problemas técnicos que incomodam a todo instante: desde otimização até o impacto do combate.
As habilidades vampíricas são boas e a furtividade funciona muito bem, mas não sustentam um jogo que não chega aos pés de Bloodlines, especialmente quando comparamos a profundidade de RPG em relação à build e às consequências dos diálogos.
A história de Bloodlines 2 também não atrai. Ela se perde rapidamente em meio a muitas informações e se empobrece por meio de uma péssima atuação de dublagem, principalmente quando se fala em Fabian, que conta piadas horríveis e não fica calado por quase 80% da campanha.
Ah, e vale lembrar: as missões com ele são sofríveis. Como o personagem é limitado e não entra em combate, seu gameplay em Bloodlines 2 é basicamente correr para lá e para cá conversando com NPCs e colhendo pistas. É traumatizante fazer isso por algumas horas.
O jogo não vale seu tempo, principalmente se você for fã de Vampiro A Máscara. O projeto baixa muito a régua da franquia e certamente fará parte da comunidade desconfiar de tudo que vier pela frente. Tememos pelo futuro de Bloodlines.
Enjoativo, pouco criativo e extremamente chato, Vampire The Masquerade: Bloodlines 2 é um grande desrespeito a uma das franquias mais importantes dos RPGs.
- Narrativa
- Jogabilidade
- Desempenho
- Visuais
- Som
- Diversão