Quando amadurecemos , é bem comum que certas coisas pareçam bobas aos nossos olhos, e também nossos preconceitos com algumas obras e estéticas talvez comecem a ficar exacerbados. Isso foi o que ocorreu comigo na primeira vez que abri na Steam Wolfstride, que em uma primeira vista parecia só uma paródia ocidental de um jogo de robôs gigantes. Mas é tão bom estar enganado.
Não me entenda mal — Wolfstride é uma paródia ocidental de jogos de robôs gigantes. Mas não a deturpação comum que nos acostumamos a esperar nos últimos anos, mas algo sagaz e que sabe exatamente onde tirar sarro.
O grupo de heróis azarados que só querem ter uma posição importante naquele mundo futurista participando de lutas de mechas são clichês bem conhecidos de games do tipo, mas, ao mesmo tempo o título brilha ao em vez de te colocar como o piloto principal, o Knife Leopard, na verdade, você controla o empresário do personagem, marcando lutas e procurando peças para o robô que pode lhe fazer se tornar famoso.
Wolfstride e expectativas quebradas
É curioso como Wolfstride segue as convenções de batalhas de mecha enquanto recheia suas horas de jogos com coisas separadas, como minigames para ganhar dinheiro que remetem ao primeiro No More Heroes, mesmo que aqui representados em uma pixel art charmosa.
Ao mesmo tempo, a parte das lutas de robô são violentas, com normalmente o jogador tendo que alocar fundos tanto para a reconstrução do mecha quanto para o tratamento dos ferimentos do piloto.
São mecânicas que não são comuns no gênero, e se tornam mais curiosas conforme mais e mais o tom de paródia vai se manifestando.
Cowboy Bebop?
Paródia em si não é somente algo engraçado. Pode ser também obras que usam os artifícios comuns a gêneros narrativos de maneiras diferentes. Graças a série da Netflix de Cowboy Bebop, essa discussão voltou com mais força, já que para aplaudir o anime original, vários ensaios pela internet apareceram falando sobre essa qualidade.
Eu li muitos deles, e é extremamente curioso como todos os momentos de Wolfstriead, nas quase 10 horas que o joguei, se encaixam perfeitamente nesta descrição.
Repleto de piadas, mas, ao mesmo tempo, com um tom cínico que não deixa o jogador pensar que a realidade do universo do jogo é algo confortável ou bom, o título vai se destacando como algo único.
Até mesmo nas batalhas de mechas, que no começo parecem ser lutas comuns de um RPG de turno, poucas horas após o começo já se tornam misturas de jogabilidades de tempo real e táticas, sem nunca parecer fora do lugar. É incrível.
Conclusão
Wolfstride agrada de maneiras que eu não esperava, e acredito que boa parte do público também não. Sendo o provável último review que escrevo em 2021 e um dos últimos do blog neste período, é curioso como ele se torna, sem dúvidas, um dos destaques do ano para mim.
Wolfstride está disponível no Steam.