Com o fim de 2024 se aproximando, a Microsoft concluiu todos os lançamentos planejados para a divisão Xbox neste ano. Mas, no geral, o ano foi positivo para a plataforma? As expectativas dos fãs foram atendidas?
Preparamos este artigo analisando como foi o desempenho da divisão Xbox em 2024.
O inicio de 2024…
Ainda em janeiro, ocorreu o Developer Direct, um evento dedicado a apresentar jogos com previsão de lançamento para este ano e destacar suas respectivas evoluções no desenvolvimento.
A Microsoft planejava lançar entre seus jogos proprietários:
- Senua’s Saga: Hellblade 2 – Lançamento cumprido em maio.
- Ara: History Untold – Lançamento cumprido em setembro.
- Indiana Jones e o Grande Círculo – Lançamento cumprido em dezembro.
- Avowed – Adiado para 2025.
No geral, podemos observar que o Xbox conseguiu cumprir a maior parte do cronograma anunciado no início de 2024. A exceção ficou com Avowed, que teve seu lançamento adiado por alguns meses sob a justificativa de criar um espaçamento entre as adições ao Game Pass.
De certa forma, a decisão é até compreensível, considerando a quantidade de jogos lançados no serviço durante o segundo semestre. Contudo, o próprio Avowed merece um tópico específico mais adiante.
São apenas 4 jogos…
Em fevereiro, uma notícia caiu como uma bomba para os fãs do Xbox: a Microsoft decidiu mudar sua estratégia de negócios e anunciou que quatro jogos, antes exclusivos do ecossistema Xbox, seriam lançados para outras plataformas.
Entre os títulos estavam: Hi-Fi Rush, Grounded, Pentiment e Sea of Thieves. Mesmo com toda a desconfiança dos fãs, uma parcela da comunidade considerou a decisão compreensível.
Isso porque Grounded e Sea of Thieves são jogos como serviço, que precisam de uma base constante de jogadores para se manterem ativos. Já Hi-Fi Rush e Pentiment haviam alcançado as expectativas da empresa dentro do Xbox, justificando a expansão para outros públicos.
A estratégia de expandir títulos para outras plataformas tem seus prós e contras. No entanto, o que continua a irritar os fãs até hoje é a contradição nos posicionamentos dos líderes da divisão Xbox, Phil Spencer e Sarah Bond, ao longo do ano.
Durante a transmissão inicial em fevereiro, foi afirmado que apenas os quatro jogos mencionados fariam parte dessa nova abordagem, excluindo títulos como Indiana Jones e Starfield da lista.
Apesar disso, na Gamescom 2024, a Microsoft reservou um espaço especial em sua apresentação para, como o “grand finale”, anunciar a janela de lançamento de Indiana Jones para o PlayStation 5.
Essa mudança inesperada de postura deixou muitos fãs frustrados e aumentou o clima de desconfiança na comunidade, já que Indiana Jones sequer tinha sido lançado no Xbox e já estava com sua exclusividade quebrada.
Metade do ano se foi e…
No início de maio, a Microsoft surpreendeu toda a comunidade gamer ao anunciar o fechamento dos estúdios Arkane Austin, Tango Gameworks, Alpha Dog Studios e Roundhouse Games.
A decisão foi chocante, especialmente considerando que, mesmo com a Arkane Austin tendo produzido um fracasso como Redfall, o estúdio ainda gozava de grande prestígio na indústria. Já a Tango Gameworks era um dos estúdios mais criativos do Xbox Game Studios e vinha de um título que supostamente foi um sucesso na perspectiva da empresa, Hi-Fi Rush.
Hellblade 2 também foi lançado em maio e teve uma recepção morna da comunidade. Aqueles que jogaram acharam o jogo razoável, mas ele acabou sendo rapidamente esquecido no meio de tantos lançamentos importantes.
Como de costume, tivemos o evento anual Xbox Showcase, que revelou os próximos passos para o futuro da divisão.
Foram feitos anúncios de jogos promissores, como Doom: The Dark Ages e Gears E-Day, além de atualizações sobre projetos em andamento, como o novo Perfect Dark e Fable. Também foi confirmada a inclusão de Call of Duty: Black Ops 6 diretamente no Game Pass.
O adiamento de Avowed foi compreensível, já que, no segundo semestre, diversos títulos com envolvimento direto da Microsoft foram lançados.
Exemplos incluem Flight Simulator 2024, Age of Mythology: Retold, expansões de Diablo 4 e Starfield, além de S.T.A.L.K.E.R. 2: Heart of Chornobyl e Indiana Jones e o Grande Círculo, que encerraram o ano.
Avowed e os 30 FPS criativos
Conforme já comentado, o adiamento de Avowed não gerou grande impacto na maioria da comunidade Xbox. No entanto, o que causou desgastes foi a declaração de um dos diretores da Obsidian, desenvolvedora do jogo, que afirmou que a escolha de limitar o jogo a 30 FPS foi para equilibrar visuais e suavidade da gameplay.
Isso gerou uma enorme insatisfação, pois muitos consideram que o padrão da atual geração deveria ser 60 FPS. Mesmo que não seja o objetivo principal, uma opção para essa taxa de quadros é sempre bem-vinda.
Ao observar exemplos dentro dos próprios jogos da Microsoft, como Redfall e Starfield, ambos foram lançados limitados a 30 FPS, com a justificativa de ser uma decisão criativa das desenvolvedoras.
Contudo, isso se mostrou uma falácia, já que ambos os jogos receberam atualizações posteriormente liberando modos a 60 FPS, o que revelou que o problema estava relacionado à falta de tempo para trabalhar nos jogos e a falta de uma cobrança mais rigorosa da Microsoft em relação ao padrão de qualidade dos seus estúdios.
Sim, o Game Pass piorou
Você deve estar se perguntando: como, com a adição de jogos como Indiana Jones e Call of Duty: Black Ops 6, o Game Pass pode ter piorado?
Quando a Microsoft adquiriu a Bethesda, rapidamente ela inseriu os jogos do conglomerado ZeniMax Media. No entanto, com a Activision, a empresa adotou uma postura diferente.
Alguns jogos das franquias Crash e Spyro chegaram, mas Diablo e Call of Duty só tiveram seus títulos mais recentes inseridos no Game Pass, deixando de lado toda uma história de muitos anos sem maiores explicações.
De fato, ainda assim o catálogo do serviço em 2024 foi bem recheado, com muitos jogos de peso. No entanto, em julho desse ano, a Microsoft anunciou um aumento de preço em todos os níveis do serviço.
Além disso, houve mudanças no formato da conversão do Game Pass Core para Game Pass Ultimate, exigindo que os consumidores pagassem pelo menos R$400 para obter 9 meses do serviço.
A empresa também reformulou o serviço, excluindo o antigo Game Pass para Consoles, que oferecia praticamente todos os jogos do catálogo, com exceção dos títulos presentes no EA Play, incluindo os famosos “Day One“.
Esse plano foi substituído pelo novo Game Pass Standard, que apresenta uma seleção limitada de jogos escolhidos pela Microsoft. Os maiores lançamentos passaram a ser adicionados ao serviço sem prazos claramente definidos.
Ou seja, para os usuários de console, o famoso “Day One” desapareceu, e agora eles são forçados a assinar o plano Ultimate, que inclui versões para PC e xCloud.
Desde sua criação, o Game Pass sempre contou com grandes títulos em seu catálogo. Contudo, 2024 ficará marcado como o ano em que o serviço se tornou mais caro e perdeu recursos importantes para os usuários do console Xbox.
Vale citar também o Microsoft Rewards, que sofreu diversos ajustes ao longo do ano, reduzindo drasticamente a quantidade de pontos ganhos pelos usuários e, consequentemente, os benefícios oferecidos pelo programa.
Isso é um Xbox
Chegamos a um ponto chave não só de 2024, mas de toda a história do Xbox. Em novembro deste ano, a Microsoft lançou a campanha publicitária “Isso é um Xbox“, reforçando que a ideia de ser um Xbox não está mais atrelada a um único hardware, mas sim aonde o Game Pass está disponível, podendo ser em um celular, PC ou televisão.
A possibilidade de alcançar um público nunca antes visto na plataforma, alinhada ao objetivo de se tornar a maior publicadora de games do mercado, pode ser muito boa para as finanças da Microsoft.
Porém, isso também traz à tona diversos problemas:
- Ao não ter conteúdo exclusivo, o Xbox pode ganhar consumidores, mas perderá fãs – aqueles que amam a marca – ao longo do tempo.
- A redução do investimento da Microsoft no setor de hardware já está causando escassez de consoles Xbox ao redor do mundo.
- Há também uma perda de confiança nas palavras dos líderes da divisão, além de uma crescente incerteza sobre o futuro hardware da plataforma Xbox.
A cada novo relatório da Microsoft, fica claro que as vendas dos consoles Xbox diminuíram com o passar dos anos. No Brasil, não houve reposição de estoque do Xbox Series X|S durante todo o ano de 2024. Em outras partes do mundo, já se noticia que a empresa decidiu encerrar a venda dos consoles.
A promessa de que seriam “apenas 4 jogos em outras plataformas” já não existe mais. O próprio CEO da Microsoft, Satya Nadella, reafirma, a cada nova declaração, que a plataforma Xbox não terá mais jogos exclusivos.
O fim de 2024…
Em síntese, mesmo com ótimos jogos no catálogo da plataforma e anúncios promissores, 2024 vai se encerrar para o fã de Xbox com um gosto amargo.
O serviço que já foi sinônimo de custo-benefício teve um aumento significativo, poucos ainda confiam nas declarações da empresa, não se encontram mais consoles Xbox Series X|S à venda em nosso país, e não há perspectiva de que um dia eles voltem a ser comercializados por aqui, considerando que as atualizações de hardware no final de 2024 não chegaram ao Brasil.
O consumidor médio, que quer apenas jogar e pouco se importa com o que acontece na indústria, provavelmente está satisfeito. No entanto, aqueles que cultivaram uma história com o Xbox ao longo das gerações estão vendo a marca definhado aos poucos.
O que você achou do ano de 2024 do Xbox? Deixe sua opinião nos comentários!