Qual é a sua vivência no Brasil com basquete? Existem milhares de jovens que, em programas escolares, jogam o esporte, até representando o time de seus colégios. Outros acompanham o cenário profissional e alguns, como eu, tiveram o contato mais intenso com o jogo por meio de duas situações: Space Jam e os vários produtos de NBA comercializados no país, desde cadernos até camisas.
Por meio desse contato, eu também experienciei alguns jogos da liga estadunidense, como NBA Jam, o famoso arcade dos anos 1990, e também NBA 2K – então foi de braços abertos que recebi a oportunidade para avaliar NBA 2K23, e afirmo que adorei a experiência. Confira as razões a seguir:
Frenético como poucos esportes
Começarei minhas impressões fazendo um comentário meio aleatório mas que acredito ser pertinente: estando mais acostumado com jogos de esporte da EA, é estranho como NBA 2K23 parece, em todo momento, ser um jogo mais fluído que os outros exemplos de games esportivos.
Podemos falar que isso é uma consequência do basquete em si ser um jogo mais rápido, só que eu de certa forma discordo – há anos eu acho Fifa um tanto mais truncado que edições que cresci jogando, fato potencialmente explicado pelo maior apelo em simulação do que uma experiência mais “arcade” do futebol que vem sendo o foco do título já há alguns anos.
NBA 2K23 também tem tons de simulador, inclusive sendo vendido como um jogo desse tipo, mas ao mesmo tempo conta com opções o suficiente de gameplay para que quem só queira algo mais rápido e fácil de controlar esteja disponível. É extremamente gratificante entrar no modo jogue agora e escolher partidas de 10 minutos no total, e começar a fazer cestas de cara, sem grande dificuldade de entender os controles.
Ao mesmo tempo, outros modos, como o My Team, My League e My Career deixam claro que querem do jogador uma atenção e prática maior, com as cestas, antes tão fáceis de serem atingidas, agora precisando ser meticulosamente planejadas para não correrem o risco de serem evitadas e virarem potenciais contra-ataques violentos.
No caso, o pacote assume essa curiosa dictomia em que existem dois jogos para dois públicos dentro do mesmo título – e depende muito do que ele procura na sua experiência para aproveitar mais eles. No meu caso, eu preferi ficar nas partidas mais simples e intensas do modo Jogue Agora e no manejo de times no My League – que é uma versão de basquete da Master League dos Winning Eleven clássicos, mas com customizações mais complexas e também com um interessante modo de escolher em que era começar – anos 1980, 1990, 2000 ou os tempos atuais, todos com filtros gráficos adequados para simular a qualidade de transmissão da época – o que nos leva ao próximo ponto do Review:
Uma celebração de Michael Jordan e da NBA como um todo
Eu não consigo lembrar bem qual foi o último NBA 2K que joguei antes desse, só lembro que o título iniciava com uma introdução feita com um modelo 3D de Michael Jordan, considerado por muitos o maior atleta do basquete da história. Falo isso para especificar que a franquia de jogos sempre então um certo respeito com o passado da liga, mas acho que NBA 2K23 talvez seja o momento em que este fato está mais explicito.
Existe um modo em NBA 2K23 chamado Jordan Challenge, em que o jogador acompanha cerca de 20 jogos da carreira de Michael Jordan de 1982 até a grande final de 1998. Entre as partidas, interessantes cenas documentais são exibidas, envolvendo jogadores de cada partida mostrada fazendo comentários de como foi enfrentar a lenda naquele momento. É uma referenciação ao passado muito curiosa, e que muito me agradou, já que faz você perceber o real impacto daquele jogador a longo prazo na NBA.
Os jogos em Jordan Challenge também contam com curiosos desafios para replicar o que o lendário jogador fez, como fazer x pontos com ele, interceptar tantas bolas e assim por diante. Completando essas conquistas estrelas são dadas, e elas são utilizadas para desbloquear acessórios variados tanto para o MyCarrer quanto para o MyTeam.
O MyCarrer é o modo RPG do jogo, que conta com diversas missões e afins para quem quiser fazer um avatar se tornar um grande jogador profissional. Confesso que acho legal a existência desse grande mundo aberto, que tem até mesmo com atividades de Skate, mas eu não consegui sentir o apelo real dele – joguei umas quatro-cinco horas e acabei passando para outros modos.
Agora, o MyTeam eu gostei bastante – contando com inúmeras atividades mais controladas, como jogos de 3v3 e afins, e envolvendo o famoso colecionismo de jogadores tão associado com monetização (presente aqui) e com o modo Ultimate Team do Fifa, o modo é um jeito bem interessante de jogar a mistura de colecionismo com o basquete, embora sempre fica aquele aviso para tomar cuidado com os gastos nele, que podem tranquilamente escalar rápido.
Conclusão
Bom, eu já abri o texto falando que gostei do jogo, então nada vai mudar na minha conclusão. O pacote é cheio de conteúdo e opções que podem atrair tanto fãs de basquete quanto os completamente alheios, e isso é um mérito muito grande. Imagino que a ideia dos desenvolvedores seja justamente essa, mas acho que poucas vezes vi tão bem executada como aqui.
Além disso, é possível que você saia bem empolgado e feliz com o esporte após jogar Jordan Challenge, por exemplo, e ver o amor em que todos envolvidos falam sobre os jogos e a era do jogador lendário. É uma carta de amor além de um jogo, e que me deixa muito contente de ver que em uma indústria que, muitas vezes, o jogo AAA é uma template reproduzida exaustivamente até uma nova tendência aparecer, um jogo anual consegue entregar uma experiência tão gratificante.
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